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domingo, 8 de abril de 2012

Ele e a nova recruta

Há algum tempo, parecia que ele não vivia, só sobrevivia. Ele tinha um certo fascínio por poder e orgulho da sua eficiência, é verdade. E naquela agência obscura poderia ir muito longe com isso. Já havia sofrido golpes duros, dentro e fora daquele lugar. E aprendera que lá as ligações pessoais acabavam mal em sua grande maioria. Mas apesar de não demonstrar,  sentia falta, ele precisava de alguém ou de algo maior que o fizesse proseguir, por que pudesse se destacar. Há algum tempo havia perdido isso, e ele continuava, meio sem rumo, mas continuava. Naquele dia se encontraria com uma nova recruta, mais uma que ganharia uma "nova chance", uma chance de usar a sua sede de sangue e outras caracteríscas não muito queridas em um propósito melhor. Ele a receberia como fizera com muitos. Entrou na sala branca e esperou que ela acordasse. A recebeu com um bom dia, e seu modo de falar habitual . Aquele tinha se tornado o seu jeito, calmo, frio e objetivo, ele era muito bom nisso. Ela era uma bela jovem, e agia de forma confusa e  feroz. E por isso que ela estava ali. Passou as informações sobre a agência, eles simularam o seu suicídio e agora ela era deles. Seria treinada e trabalharia para eles. Usaria sua capacidade incomum para algo mais produtivo. De agora em diante, mataria a mando da organização. Nesse ponto ela se desesperou, gritou a sua inocência. Ele entendia esse jogo. Muitos diziam isso, achando que a situação pudesse ser revertida. Mas não,  não tinha volta. Fossem culpados ou inocentes (coisa que dificilmente eram), não havia retorno. Teria que se conformar. E ela agia de tal forma, que ele chegou a cogitar que fosse verdade. Mas havia lido sobre ela, e não lhe parecia inocente. Ela o estava manipulando. Essa era uma ótima caraterística na agência. Teria futuro com isso. Mas ele também era ótimo nisso, e seria muito difícil ela superá-lo nesse jogo. Aquilo atiçou a sua vontade, seria bom treiná-la. Ela falava, quase que provocando-o, mas ele continuava calmo. E passava as instruções, se virou para ir embora, quando ela o atacou. Mas por falta de um treinamento, foi fácil imobilizá-la. Tinha que reconhecer ela tinha garra. Falou à pouca distância do rosto dela ( ela era linda, talvez mais bonita quando irritada). Deu sua primeira lição e foi embora. Ela ainda tentou desafiá-lo, mas ele mostrou que ela não tinha escolha. Essa reação só a levaria a morte. Foi embora, e pensava, aquela recruta tinha potencial. Seria no mínimo uma experiência interessante. Ela tinha algo tão diferente que ele não conseguia entender ainda. A raiva, o jeito, o olhar,  não sabia, algo lhe trouxe boas sensações. Afugentou o seu marasmo. Sim, ele tinha impressão que dali para frente sua vida ganharia novos sabores.
-------Postagem vinculada: Ela e prisão

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